Foto: Arquivo Vila Brasil/Divulgação
A escola de samba Vila Brasil chega aos 66 anos celebrando história, comunidade e resistência. Fundada em 15 de novembro de 1959, comemora mais um aniversário neste sábado (15), às 20h, com um ensaio especial na quadra, reunindo os ritmistas, sua corte e o grupo Sambarinah. Os ingressos estão disponíveis com a diretoria, e o evento é aberto ao público.
A programação marca não apenas o aniversário, mas a continuidade de uma trajetória que atravessa seis décadas e mantém viva a chama do samba na cidade, mesmo após dez anos sem carnaval.
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A escola que não parou mesmo sem carnaval
O último desfile de carnaval em Santa Maria ocorreu em 2015, quando a Vila Brasil levou cerca de 200 integrantes à avenida. A ausência do tradicional festejo fez com que muitas comunidades se desmobilizassem. A Vila, ainda assim, segue com suas atividades.
Atualmente, a quadra funciona como um espaço comunitário e cultural que recebe cursos, oficinas, feijoadas, apresentações de artistas locais, festas juninas e rodas de pagode. A escola mantém parcerias com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e com entidades da região, promovendo cursos profissionalizantes, além de formações em quilombos, como o Quilombo Vovó Isabel, de Nova Palma. Também leva às escolas da rede de ensino informações sobre a composição da escolas de samba, a valorização dos componentes tipo ala da velha guarda, baianas e ala das crianças.

— Manter a escola em funcionamento é nosso objetivo principal. Para muitos aqui da comunidade, este é o único espaço de lazer. E os cursos dão oportunidade para crianças, jovens e adultos – destaca com orgulho o presidente da escola Sergio Silva.
Outro exemplo de impacto na sociedade, destaca o presidente, é o projeto de percussão que forma novos talentos. São crianças de 6 e 7 anos que aprenderam na própria escola como tocar os instrumentos.
"A mais querida"
Local – Avenida Borges de Medeiros, 511, no Bairro Nossa Senhora do Rosário.
Rumo à retomada
Em relação à regularização estrutural, a Vila Brasil mantém toda a documentação em dia, com impostos pagos e dívidas antigas quitadas, indica Silva. O único item pendente é o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), que já está em andamento. Com a criação, este ano, de uma comissão parlamentar da Câmara de Vereadores para discutir a retomada do Carnaval no município, a escola vive um momento de expectativa. Ele pondera os próximos passos:
— Se dá certo em Cruz Alta e em Uruguaiana, por que não pode dar certo aqui? Temos hotelaria, público e tradição. Basta unir esforços. Nós, escolas, também temos que fazer a nossa parte. Quando o carnaval acontece, a cidade ganha. Hotéis lotam, ingressos esgotam, turistas chegam. Temos todas as condições de voltar a ter um carnaval forte, como já tivemos.
O projeto "Carnaval"
Ano que vem deve haver evento, mas bem diferente daqueles que marcaram a Avenida Liberdade. Ainda em agosto, a prefeitura já havia confirmado um diálogo para que 2026 retomasse a festejar, mas em outros moldes. Ainda este ano, a prefeitura visitou cada escola. Em outubro, carnavalescos e gestores públicos compartilharam conhecimento com as escolas em um seminário.
De acordo com o vice-presidente da Associação Aliança pelo Samba, Marion Mello, os planos se mantém: um evento não competitivo em que as escolas possam movimentar a própria comunidade. E, no futuro, (talvez 2027), possam disputar títulos novamente:
– A princípio está encaminhando para aquele movimento para março de 2026, sendo uma amostra sem competitividade. Tiramos algumas importantes demandas no seminário que aconteceu em outubro.
Próximos passos
De acordo com o representante da associação, terá uma importante assembleia sobre o assunto em 24 de novembro.
Fundação e o papel na comunidade
A escola nasceu de um grupo liderado pelo sargento Agenor Alves do Amaral. O nome tem relação com uma antiga fábrica de sabão, localizada no bairro do grupo. No início, o espaço era predominantemente masculino. Com o tempo, as mulheres passaram a desfilar, e depois vieram os filhos.

As cores também mudaram: de azul ebranco para vermelho e branco. A mudança se tornou tão marcante que hoje está registrada no estatuto da escola, impossibilitando alterações.Sem sede fixa por grande parte da história, a Vila Brasil ensaiou em diversos bairros até chegar ao atual endereço, um antigo galpão da rede ferroviária onde está instalada desde o início dos anos 2000.
Leia sobre a situação das outras escolas de samba do município aqui.

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